PANORAMA DA FOTOGRAFIA NA BAHIA, 2020, com TACUN LECY, TOMO 03

Published: 26 July 2020
on channel: Marcelo Reis
119
10

Eis aqui a primeira entrevista do TOMO 03 do projeto de pesquisa PANORAMA DA FOTOGRAFIA NA BAHIA.

Por se reconhecer, ao preencher o formulário de pesquisa preliminar, como fotógrafo atuante, e por ser de fato, TACUN LECY, abre esse nosso bloco de entrevista. E muito ainda temos por apresentar.

Nascido no bairro do Barbalho, o nome de batismo de Tacun Lecy resolveu adotar este nome porque foi “dado pelo orixá” dele, Erinlé. “Se o meu orixá me deu este nome, eu resolvi adotar para a minha carreira, pois tenho muita ligação com a minha religião e me renovei a partir dela. Quando a gente nasce para o Axé, renasce para o mundo. Meu nome, Tacun Lecy, significa o caçador da terra de elefantes”, diz. Ele conta que sempre teve contato com a religião de matriz africana, apesar da família dele ser católica, mas, somente, depois de adulto, resolveu entrar no candomblé. “Eu frequentava [o terreiro], mas não tinha ingressado de fato. Mas, de repente, quando eu vi, eu já estava conectado”, afirma. O músico foi confirmado em 2009, no Terreiro Raiz de Ayrá, em São Félix, Recôncavo Baiano.

Registrando povos quilombolas e comunidades tradicionais de matriz africana, o trabalho do artista, como fotógrafo, já passou pela Colômbia e está percorrendo países africanos, como Angola e Nigéria. Tacun Lecy foi premiado em concursos, como o Concurso Fotografe o Brasil, mas salienta que no estado baiano a situação para ele não é tão fácil. “Aqui na Bahia, as coisas são complicadas. Algumas pessoas não estão dispostas a colaborar para o desenvolvimento do meu trabalho. Por ser servidor público, eu também não posso concorrer a editais. Isso complica um pouco”, afirma.
Na fotografia, Tacun diz que Pierre Verger influencia o seu olhar, o recorte pelo que fotografar. “Eu uso a fotografia como um instrumento de reconhecimento, preservação, grito. Há muita conexão entre o terreiro e a África. A relação com a Mãe é muito grande nas casas de candomblé. Muitas comunidades quilombolas, por conta das lutas de terra, vão deixar de existir, mas a memória não pode ser apagada. A história tem que ficar documentada”, pontua.

De temperamento considerado muitas vezes como “quente”, como ele afirmou, Tacun diz que faz questão de defender a sua cultura, a sua religião. Ele revela que há fotógrafos que entram em um terreiro e a partir das suas fotos passam informações erradas para as pessoas. “Eu discuto com eles sobre este problema. Eu não tenho medo de me indispor para não sair da zona de conforto. Se eu não comentar sobre a questão, eu não estarei sendo justo com as pessoas que permitem que eu entre nos seus espaços”, fala.


Watch video PANORAMA DA FOTOGRAFIA NA BAHIA, 2020, com TACUN LECY, TOMO 03 online, duration hours minute second in high quality that is uploaded to the channel Marcelo Reis 26 July 2020. Share the link to the video on social media so that your subscribers and friends will also watch this video. This video clip has been viewed 119 times and liked it 10 visitors.